segunda-feira, dezembro 14

Antero, "era" um homem bom

Sábado, 12.00.
Acordei com uma "ligeira dor de cabeça".
Não sei se foi da cerveja ou se foi do crime cometido na tasca do Antero.

Antero, essa figura incontornável da noite lisboeta. Pelo menos para quem gosta de ir beber uma mini depois de sair da "disco" num local pejado de pessoal da noite "dura": toxidodependentes, alcóolicos, sem abrigos, prostitutas e respectivos chulos, vadiolas e afins.
O Antero não é o dono do espaço, nem sequer o seu braço direito. É simplesmente o Antero.

Um "Homem Bom" que se limita a anotar pedidos e a tirar a loiça das mesas. Os pedidos são feitos nas mesas ao Antero, com o dono do café a gritar no balcão as várias parcelas.
Ali só bebes depois de pagar.

O dono do café é intragável, mas justo, pois para ele todos os clientes são iguais, ou seja, são todos escumalha que o querem enganar.

Antero é um nome estranho. O próprio o confirma, pois em Portugal só existe outra pessoa com um nome igual ao dele. E a prova disso vem no seu BI. Eu já comprovei isso mesmo ... no BI do Antero aparece o número 1. (mas eu não consegui dizer-lhe que aquele número é um check dígito.). Assim cada vez que vou à tasca do antero, conto a todos os presentes que "este homem tem um nome que só existe outro igual em Portugal". Isto enche o Antero de orgulho.

No sábado de madrugada, depois do dono do café nos ter ameaçado várias vezes que nos punha na rua, isto porque gritavámos das mesas por pedidos que já tinham vindo ("Olha a batata frita!"). O H. já tinha ido ao balcão perguntar pela filha do dono (um assunto sensível para o dono...) e que por causa de pessoas como o H. é que ele já não deixava que a filha o vá ajudar.

Estava a ser uma noite normal, até ao momento que uma rapariga saiu da casa de banho, deixou a porta aberta e começou a chamar a nossa atenção. A nossa mesa estava a dois metros da casa de banho, conseguiamos ver a tampa para cima. A rapariga pedia ajuda e apontava para a sanita. Todos olhávamos e nem queriamos acreditar. Ela tinha saído daquela sanita. Será que tinha estado a fazer algo sólido que agora não ia para baixo. Será que pedia um balde com água?

Um rapaz que tinha distribuído flyers pela nossa mesa (e que no final pediu sessentas cêntimos para uma sopa...) foi em seu auxílio. Olhou para dentro da sanita e fez uma cara estranha. Confirmou que aquilo não ia descer apenas com a descarga do autcolismo.

Na nossa mesa a galhofa essa imensa, a J. já não consegui comer a bifana e as batatas fritas. O rapaz chamou o Antero. E, esse homem bom pegou no piaça e fez o serviço com um viemência que nunca julgámos ser possível. Terminado o serviço, pergunta-mos ao Antero: "o que tinha sido".. e ele respondeu com a sua calma e simpatia: "era apenas um ratito".

Suspirei de alívio ... era apenas uma ratazana. Aterrorizado perguntei ao Antero: "Por acaso, não era branca e tinha uma coleira encarnada com um sino". Ele respondeu: "Não. Era preta e feia, como deve ser qualquer rata".

PS: Como o post vai longo conto noutro dia mais umas histórias da tasca do Antero.

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