terça-feira, fevereiro 10

«Andar aos Papéis»

Não sei qual é a origem desta expressão popular... mas gosto dela.
Embora faça uma interpretação mais "lata" do seu significado. Para mim "andar aos papéis" não significa andar "perdido", mas sim, "vestir" um papel.
Na vida assumimos determinamos papéis. Começamos com o papel de filho e terminamos com o papel de morto. Pelo caminho, vamos percorrendo e acumulando papéis: de amigo, de aluno, de namorado, de cliente, de empregado, de patrão, de pai, de avô, de doente, de atleta, de desconhecido, etc.
Este papéis surgem, normalmente, do acaso e nem sempre nos perguntam: «se os queremos desempenhar».
Podem aparecer quando não os desejamos e desaparecer quando nos habituámos a eles.
Toda a nossa vida é este intenso "andar aos papéis".
O que me custa não é "andar aos papeís", mas sentir-me desconfortável por ter de desempenhar alguns deles.
E quando isto acontece só existem 4 soluções:
- a radical: rasgar o papel;
- a conformista: aceitar o papel;
- a esperançosa: esperar que o vento do acaso leve esse papel;
- a enganadora: mudar a opinião que temos sobre esse papel.

Ainda não decidi qual a solução para alguns dos meus papéis e enquanto isso não acontecer ... vou continuar a optar pela ... "conformista".

quinta-feira, fevereiro 5

"Zé das pontas soltas"

Ontem sentia-me o "Zé engenhocas". Hoje sinto-me o "Zé das pontas soltas".
Passei o dia a resolver (ou pelo menos a tentar) "fechar pontas".
As "pontas" são aqueles pequenos apontamentos que escrevemos nos cantos das agendas e cadernos.
Aqueles que não têm direito a figurarem no centro de uma página.
Aqueles que não têm palavras sombreadas ou coloridas, nem são acompanhados de desenhos de sinais de perigo.
Aqueles que são envolvidos numa caixa para que fiquem isolados, para que não se misturem com os outros apontamentos: os importantes, críticos e urgentes.
Chamo-lhe apontamentos de "segunda". Eles, "povoam" os meus cadernos, as mensagens em rascunho do meu email, os restos de folhas rasgadas espalhadas pela minha secretária, os ficheiros perdidos e desorganizados no meu desktop, etc.
Tiveram o azar de não nascerem importantes. Em alguns casos até já foram importantes, mas foram sendo "cortados", reduzidos na importância, mitigados, ou simplesmente, foram resolvidos aproveitando a "boleia" de outros apontamentos importantes, mas como não eram importantes, não tiveram o seu momento de glória. Foram "ofuscados" por outros e nem tiveram direito de serem riscados da lista.

terça-feira, fevereiro 3

"Zé engenhocas"

Nunca fui muito "engenhocas". Acho que não é apenas uma questão de falta de "jeito", mas de paciência (ou falta dela) e muita descontracção.
Quando algo se estraga... normalmente fica uma eternidade à espera de arranjo.
Foi assim com o esquentador (quase 2 meses num acende/apaga ... coitada da brazuca).
É assim o forno que não funciona há mais de um ano.
O candeeiro de tecto do meu quarto, que já nem sei há quanto tempo se estragou. Apenas sei que se estragou no dia em que decidi verificar que ferramentas necessitava para mudar de candeeiro. Há mais de dois anos que andava para fazer isso...
A lâmpada do tecto da casa-de-banho. Esta também já não me lembro...o que vale é que vamos mudando as lâmpadas do espelho.
Mesmo as coisas que, diariamente, necessito... ficam a "aguardar" a vontade do dono...
Ontem voltei a ter carro. Esteve 3 semanas parado, com um problema de bateria, à espera de ir para o mecânico. Como o H. já estava farto de me ouvir dizer que tinha de ir tratar do carro, obrigou-me a ir comprar uma bateria e lá estivemos nós "armados em mecânicos" a mudar a bateria do carro... e funciona...
Até aproveitei para comprar um extintor para ter no carro (outro utênsilio que andava há anos para comprar). Como iamos montar uma bateria, achei que era "oportuno"(=prudente).
Quando cheguei a casa... ia tão entusiasmado com o sucesso que até arranjei a a maçaneta da porta da casa-de-banho (esta era recente, tinha poucas semanas).
Ainda espreitei para a caixa da campainha (esta avariou a semana passada) ... mas é necessário uma nova, pois aquela derreteu.
Com duas reparações no mesmo dia ... sinto que a minha vida está a mudar... lá para o final do ano já serei uma pessoa normal.