quarta-feira, junho 25

Um xadres em dois tabuleiros - Parte I

Nota prévia: Já há algum tempo que queria abordar este estudo que uma amiga minha que anda a estudar sociologia me tinha chamado à atenção.


Resumidamente, o autor (António Firmino da Costa) iniciou um estudo acerca do "fado-vaido" num dos bairros mais populares e históricos de Lisboa (alfama). No entanto, dessa pesquisa surge uma observação inesperada:
- Grande parte dos residentes de Alfama são migrantes rurais (através do recenseamento eleitoral (1983) às freguesias de Santo Estevão e São Miguel) apurou-se que mais de 50% da população recenseada eleitoralmente nasceu fora do concelho de Lisboa;
- A maoria não provêm de regiões com distribuição aleatória pelo território nacional, mas pelo contrário, apenas 29 concelhos fornecem mais do que 52,1% dos migrantes;
- E ainda, mais do que 30% dos migantes (1123 indivíduos) provêm de 7 concelhos:
- Pampilhosa da Serra 10,4%
- Góis 5,6%
- Ovar 2,9%
- Lousã 2,9%
- Abrantes 2,8%
- Castanheira de Perâ 2,3%
- Figueiró dos Vinhos 2,3%


Outro facto interessante é o de que «grande parte dos migrantes não cortam definitivamente os laços com a terra de origem». Este ponto vem questionar várias ideias correntes (na altura do estudo) sobre migrações rurais para Lisboa:
- as migrações normalmente ocorreram para «zonas-dormitórios» na periferia da cidade;
- a migração rural-urbana romperia com os laços sociais tradicionais, dispersando os migrantes;
- as relações com a região de origem tenderiam a desfazer-se.


(continua)

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